quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Chuva Vermelha


por Vince Ferreira

Era um dia chuvoso, os campos estavam cobertos de lama e o zunido da aguá era ensurdecedor. Gotas caiam como pedras e resvalavam contra as armaduras e escudos, de um lado do campo estava uma pequena tropa de maltrapilhos, do outro os nobres senhores anões das montanhas com suas armaduras brilhantes e resplandecentes, do mais puro ferro polido.
Os senhores anões estavam confiantes, já haviam enfrentado as tropas maveris anteriormente, e eles os tinham rechaçados, seu treinamento superior em batalhas garantiam essa vantagem. Desde pequenos seus guerreiros são preparados para guerras, aprendem técnicas, estratégias, como liderar e seguir verdadeiros lideres.
Os maverins por sua vez eram bárbaros sanguinários, de cultura quase animalesca e vulgar, não possuíam bom armamento nem sabiam técnicas, atacavam como uma horda de baderneiros que se jogavam contra os escudos de ferro e encontravam a morte facilmente, era como enfrentar um bando de animais, fácil como uma cassada.
Assim eles pensavam.

Semanas atrás tudo havia mudado, os maverins receberam um novo comandante vindo das terras geladas de Baltighard com uma pequena tropa, os lasars, nobres guerreiros bem armados e ordeiros, disciplinados e experientes em batalha. A tropa lasar era pequena, dez soldados, dois tenentes e um capitão. Dentre eles um novato em destaque, Lantis, o melhor aluno da academia que se formara com cinco meses de antecedência, era jovem mas habilidoso e sedento por batalhas, os outros soldados o menosprezavam e o achavam arrogante - de fato ele era - mas havia um motivo, Lantis era bom, e eles não imaginavam quanto.

Os tambores anões ressoavam, era estranho, o grito dos maverins que era comum como o rosnar de feras não era escutado. Subitamente eles começam a bater em seus escudos bruscos de metal de forma meio ordenada, era um espanto aos anões, eles haviam aprendido um truque novo?

A batalha tem início, esperava-se que os bárbaros se jogassem contra os escudos de ferro, mas não o fizeram, uma tropa de arqueiros saiu na frente e fulminou parte da infantaria anã, isso desestabilizou sua barreira e deu espaço para uma infantaria montada por grandes cavalos montanhosos deferir uma investida devastadora.
A batalha virou um caos, mas Lantis esperava, parte de sua tropa era o segundo golpe, postados distantes da batalha eles só iriam avançar depois de muita peleja, e assim o fazem, os anões estavam cansados e abatidos pelo primeiro assalto da batalha e nem notaram quando a segunda parte da infantaria os atacou, era praticamente um massacre, não podiam acreditar como seu treinamento militar poderia ser sobrepujado por aqueles bárbaros ignorantes, será que eles estavam muito confiantes? Tinham cometido um erro fatal? Não, Heror Couraça Negra (como era chamado) havia chegado.
Grande herói dos anões, ele já havia lutado diversas batalhas e saido ileso, sobrepujado comandantes lasars e maverins em diversas batalhas, e o que mais gostava era de enfrentar comandantes. A glória sempre recai sobre aquele que derrota um grande líder e sobrevive para beber com os vitoriosos, Heror avançou contra o comandante lasar, foi uma curta batalha e ele o sobrepujou, sua armadura negra como a noite nem havia sido arranhada e não tinha sofrido nenhum ferimento, as tropas maverins e lasars se desesperaram e começaram a dispersar.
Quando Lantis o encontrou em batalha, viu a sua verdadeira oportunidade, como todo soldado raso ele não estava bem armado e nem protegido, estava em desvantagem mas sabia que era mais rápido e mais jovem, Heror não queria essa batalha, desdenhou da chance de lutar e avançou confiante e desrespeitosa mente contra ele - um erro grande - Lantis achou uma fresta em sua armadura, desviou de seu grande machado e o golpeou no braço destro. Eror não acreditava, as tropas praticamente pararam para ver esta batalha feroz, o soldado novato foi submetido a diversos golpes do feroz anão, agora manejando seu machado de forma desajeitada e débil, mas em vão, ele era muito rápido e esguio se livrava de todas a investidas, parecia estar apenas cansando e estudando seu adversário.
A batalha prosseguiras por minutos que pareceram horas, e o anão estava cansando, o jovem lasar começou então suas investidas. Golpes precisos eram desferidos e o velho guerreiro se esforçava para bloquear a pequena espada, ferimentos lhe eram feitos por entre as frestas da armadura, Lantis parecia ter observado por um bom tempo a guarda aberta e as falhas na defesa. Minutos de desespero para o anão até que ele cai de joelhos, farto pelo cansaço e os ferimentos se vira para Lantis:
_ Já enfrentei inúmeros guerreiros e venci todos, poderosos e experientes, mas nenhum foi tão ardiloso quanto você, usou sua juventude contra minha experiência, sua velocidade contra minha habilidade, sua leveza contra minha força. Estou completamente derrotado, e sei que lasars não demonstram piedade.
Lantis não disse nada, desferiu um golpe final em sua garganta desprotegida, e o grande Heror encontrou seu fim em um dia chuvoso, as tropas anãs fugiram desesperadas, os que ficaram não conseguiram resistir. Os soldados lasars e maverins tinham um novo herói, seu nome era aclamado pelos cânticos daquela noite e ele era ovacionado pelos guerreiros mas respeitados.
Esta foi o primeiro feito de um jovem lasar, que se destacou entre os demais, virou um ídolo de suas tropas, levou seus homens a diversas vitórias, e ficou conhecido como General Lantis.

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