quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Chuva de lágrimas. por Vince

Como na primeira vez, mas essa poderia ser a ultima, glória ou vergonha, triunfo ou derrota.
Os homens aguardavam no topo da colina, a batalha já havia alcançado seu ápice e todos estavam ansiosos para mais uma vitória, esta que poderia ser a mais decisiva de toda a guerra.
As muralhas do Reino Anão estavam sitiadas, elas eram feitas de pedra negra e ferro puro, duras como diamante, resistentes a todas as investidas através dos séculos. Mas os Lasars estavam confiantes, seu general Lantis não havia sido derrotado em nenhum combate, anos de batalhas haviam sido cruciais para chegar a este ponto, conquista após a outra, vitória sobre a outra.
Todos aguardavam ansiosos suas ordens enquanto ele apenas observa, estava chovendo como aquela vez, quando tudo começou e deveria terminar, sua primeira batalha não poderia ser diferente da primeira. Mas porque ele hesitava? O que estava esperando para desferir seu golpe final contra a muralha indestrutível e colocar seu nome na história para sempre, será que se esqueceu pelo que luta?

Pelo que eu luto?
Porque eu mato e deixo matar?
Sangue após o outro e gritos são toda a música que escuto a anos, já fui amaldiçoado por centenas de pais, irmãos, filhos e esposas, hoje parece que todas essas maldições caem sobre meus ombros, está pesada, a armadura, a espada e as credenciais.
Eles esperam que eu os lidere para o triunfo, que possam saquear e queimar, tirar sangue e vidas, serem amaldiçoados. Mas porque ainda luto?
Não fui só eu que esqueci o verdadeiro motivo desta batalha (se é que ela possui um) foram todos que brandem suas espadas e urram de euforia em frente ao inimigo amedrontado e acuado, se portam como uma matilha de lobos em frente aos coelhos e apenas esperam minha ordem para desferir o golpe final. Depois desta noite não haverá mais pais, irmãos, filhos ou esposa, estarão todos mortos, pois não temos ordens de fazer prisioneiros.
Como naquela primeira noite chove, chove como em todas as outras, não havia percebido que os céus também choravam diante do nosso triunfo e que os deuses de antigamente não abençoam mais aqueles que saem vitoriosos, pois todos esquecemos porque lutamos. Apenas lutamos.
Eu estou cansado, sempre haverá batalhas e perdas a chorar, mesmo que não haja nada alem disso.

E virando as costas, o general Lantis abandona a batalha. Seus homens não entendem o porquê e não perguntam, ele não diz nada, apenas caminha até sumir de vista na sombra da noite.
Sem seu general os Lasars avançam, e são derrotados, caindo em desgraça e vergonha.

Um comentário:

Anagramas disse...

Mas e ai, vai continuar a história!!??? Quero saber o desfecho ou será que já acabou....